sexta-feira, julho 27, 2012

rubor invisível

hoje dei por mim:

- a caminhar encostada aos azulejos do metro
para que me arrefecessem a pele dos meus ombros
e, arrepios vítreos

- a tocar ao de leve com as plantas dos pés na erva
para que me fizesse cócegas frescas,
pois mais parecia que caminhara sobre piso em brasa

- a inspirar fundo o odor do centro de arte moderna,
que sempre adorei, e a contemplar, no bar,
as fatias douradas

- a monologar com patos (adultos e crias)

jurei:

- não esquecer nada

- resolver tudo

- ter calma

- percorrer um trajecto rectilíneo e seguro

cometi perjúrio.
devia estar mesmo muito encalorada.

agora

deserto de areia, não repetimos a cara
apenas a substância
não sabemos como somos
                     como seremos

aqui estamos e, por isso, agradecemos
agora

agora não

terça-feira, julho 24, 2012

anelar

se eu pudesse
morava neste quiosque
observava as árvores o tempo todo
e fumava cigarros sem parar
via os rapazes a passar
e as raparigas também
embebedava-me em cada noite do estio
depois de um ocaso verde

de noite, recebia-te,
meu amante