quarta-feira, abril 27, 2005

Ilha do tesouro

Jazida no caixão
encarcerada
Implantaram-me
finalmente no planeta.
Vermes e novas raízes já me encontraram.
Banqueteiam-se agora no meu ventre
gruta onde germinou a semente
cujo fruto verde crianças
e duendes
colheram à paulada.
Uma vinha ensolarada 
e infectada
é agora um verdadeiro repasto
Vive na Ilha de Samoa.

quinta-feira, abril 14, 2005

Odisseus

Até quando
a condição de apátrida
o vaguear de quem quer mas não consegue
de quem conseguiria mas não quer
criar raízes

no recato
abundar  procriar

Para quê cheirar cada torrão de terra
(a)palpar pedras e rochas
- porquê picar-me na agulha da roca?

Talvez inveje
as coisa sedentárias
toda essa comunidade

inerte que me espera e serve
sem revolta ou querer.
Nessa sua sonolência,
não me deixa dormir,
indiferente à minha vigilância.

terça-feira, abril 12, 2005

Flora encarnada

Um beijo doce e corpo magro
são tudo o que gostaria de ter
clavículas como caules
a irromper
 do radículo
cerejas cor de mamilo
cabelo e pêlo macios
garras de água
sorriso desmedido
para depositar sobre

o túmulo do meu amor